sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O Bode expiatorio



O Bode Expiatório
Essa luta não é minha
Carlos Alberto Brilhante Ustra
8 de julho de 2011

"O Tribunal de Justiça de São Paulo marcou a audiência da ação movida pela família do jornalista Luiz Eduardo Merlino no dia 27 de julho, às 14h30, no Fórum João Mendes, no centro da capital paulista. O Tribunal ouvirá as testemunhas da tortura e  morte do jornalista Luiz Eduardo Merlino em audiência da ação movida por sua  família contra o coronel reformado do Exército Brasileiro, Carlos Alberto Brilhante  Ustra. Entre as testemunhas arroladas por Ustra está o presidente do Senado José  Sarney. Merlino foi morto em São Paulo, em julho de 1971, nas dependências DOICODI, centro de tortura comandado por Ustra entre outubro de 1969 e dezembro de  1973. A audiência acontece no mês em que se completam 40 anos do assassinato do  jornalista.(...) Merlino era jornalista. Trabalhou nas publicações Jornal da Tarde e  Folha da Tarde. Era militante do Partido Operário Comunista (POC).” Processo 5830020101755079"

Matéria editada pelo site www.averdadesufocada.com
(http://www.conjur.com.br/2011-jul-01/coronel-ustra-julgado-tortura-morte-jornalista)
Minha luta. 

Tenho rebatido todas as acusações feitas sobre minha conduta no comando do DOI  – CODI do II Exército no período de 29/09/1970 a  23/01/1974. Não uso apenas palavras, nem apresento testemunhas que estejam ligadas aos órgãos de informações, envolvidas pessoal ou emocionalmente nos mesmos casos. Apresento  atos, dados, datas, números de Inquéritos Policiais e IPM – números de processos arquivados no STM e versões dos próprios ex-militantes da luta armada, muitas das quais, a cada hora, voltam a ser apresentadas de formas diferentes.
Desmenti a farsa da então deputada Bete Mendes, no livro Rompendo o Silêncio. Com atuação medíocre no Congresso Nacional, expulsa do Partido dos Trabalhadores e sem partido, Bete Mendes, meteoricamente, tornou-se uma celebridade nacional. Nem a imprensa, nem o Congresso fizeram à denunciante as perguntas necessárias para tornar mais objetivas as  acusações que fazia. Ninguém exigiu provas. Da parte dela, do Congresso, das Instituições, o assunto morreu depois do livro. A sua mudez, desde então, embora excepcionalmente reveladora, nunca foi convenientemente explicada. Para a imprensa, continuo como torturador de Bete Mendes.
A revista Época dessa semana, 04/07, publicou que, quando Bete Mendes me acusou de tê-la torturado, fui destituído do cargo de Adido do Exército junto à embaixada do Brasil no Uruguai, o que não é verdade. 
Tive todo o apoio do ministro Leônidas Pires Gonçalves e do senador José Sarney. Se têm memória, podem comprovar isso. 
Desmontei a farsa da "vala dos desaparecidos do Cemitério de Perus", mas continuam a dizer que a vala de Perus era clandestina.  Mostrei que os "desaparecidos de Perus" eram enterrados  com os  nomes falsos que usavam, mas, na irrestrita exigência das leis vigentes no  momento, eles tinham seus registros nos livros do cemitério.
Provei com documento (radiograma do II Exército, publicado em minhas Folhas de Alterações), que no dia em que Ivan Seixas, filho de Joaquim de Alencar Seixas, me acusa de invadir e saquear sua casa, torturar e 
de matar seu pai a pancadas, eu estava em repouso, em minha casa, por determinação médica, por ter feito, na véspera, uma cirurgia de amígdalas. 
Mesmo assim, cópias do documento que foram entregues a alguns jornalistas foram simplesmente ignoradas.
O juiz da 23ª Vara Cível de São Paulo julgou improcedente a acusação da família Telles de que eu sequestrara e torturara os filhos de Maria  Amélia Telles, Janaína e Edson. Entretanto, mediante a palavra dos cinco membros da família e das declarações de testemunhas, ex-militantes de organizações terroristas,  julgou-me responsável, em 1ª Instância, por ter submetido Maria Amélia, seu marido e sua irmã Criméia a torturas. Meus advogados recorreram à instância superior. 
Continuo sendo chamado de torturador e sequestrador, não só dos pais e de Criméia, mas, também, das crianças. Desmontei, em artigo publicado na Folha de São Paulo, com datas, nomes, número de Inquérito Policial – IP – e número de processo arquivado no STM, a farsa de Pérsio Arida, dizendo-se enviado para a Polícia do Exército do Rio, para lá ser torturado. Continuo afirmando: durante o meu comando isto não aconteceu. A última palavra na Folha foi de Pérsio Arida, desacreditando o IP e o processo arquivado no STM. Agora recorrem ao Judiciário a bel prazer. A Justiça para eles é de mão única.
Para aqueles que não agem por revanche, mas que querem conhecer a
verdade, escrevi dois livros: “Rompendo o Silêncio”, em 1987, que chegou à 3ª edição e ficou por três semanas entre os mais vendidos, e “A Verdade Sufocada – A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça”, em 2007, que também esteve entre os mais vendidos. Felizmente, apesar de todo o boicote dessa mesma mídia que me mantém na berlinda e me rotula  de "torturador", meu segundo livro está na 6ª edição.
Recentemente, em 06/07/2011, o Correio Braziliense publicou uma matéria intitulada “Tortura sem nenhum vestígio", em que consta a declaração de Hilda, mulher de Virgílio Gomes da Silva, "Jonas", um dos autores do sequestro do embaixador americano Charles Elbrick, em 1969, no Rio de Janeiro. Diz ela que "viu sua filha de quatro meses ser submetida a choques elétricos", no DOI de São Paulo.
É o não-senso de derrotados a quem só cabe acusar, para explicar a derrota, culpando. Quem lê os relatos dos revanchistas, forma a ideia de que organizáramos uma mílicia que agia por conta própria, sem prestar contas a nenhum chefe imediato. 
Na realidade os DOI eram unidades militares, com comandantes e agentes escolhidos e nomeados pelo general comandante da área onde estavam situados. Tínhamos normas militares, prestávamos contas de nossos 
atos aos nossos superiores, que, por sua vez, também prestavam contas aos 
seus superiores hierárquicos.
Por que eu, já que fomos tantos a comandar DOI pelo Brasil a fora? Nessa guerra entrei de cabeça e nela arrisquei tudo o que mais eu prezava.
Essa guerra não é minha.
Tenho pensado muito e cheguei a uma conclusão: essa guerra não foi minha. Ganhei, mas perdi. Agora é a vitória de graúdos. Graúdos derrotados e ressentidos por uma guerra que combati com risco da minha vida e da minha família. Eles estão no poder e eu sem poder nenhum, à mercê de 
acusadores sem prova e de inescrupulosos. 
Por que eu tenho que ser julgado por ter sido nomeado para determinada função e a ter cumprido de acordo com as determinações da lei vigente na época – acabar a luta armada, juntamente com meus outros companheiros que ocuparam funções semelhantes? 
Fui mantido no cargo por três anos, 3 meses e 25 dias e, quando fui transferido, fui nomeado Instrutor Chefe do Curso de Operações, da Escola  de Informação – atual Escola de Inteligência.
Fui condecorado com a Medalha do Pacificador com Palma e com a Medalha do Mérito Militar; recebi um comando muito bom e, finalmente, fui nomeado Adido Militar no Uruguai. Portanto sempre fui prestigiado.
Pensei muito e cheguei à conclusão de que não sou eu que tenho que me defender. Essa guerra não é minha! Fui apenas o instrumento, o "bode
expiatório", usado por eles para atingir a Instituição que lutou contra os que estão no poder. Além do mais, não tenho procuração para defendê-la. 
Se as Instituições, aparentemente, não querem entrar na batalha da comunicação, se não se preocupam com o descrédito de seus Inquéritos Policiais, com a credibilidade de sua justiça, de seus Processos arquivados no Superior Tribunal Militar, por que vou eu continuar me desgastando, procurando dados, pesquisando em fontes, às quais nem sempre tenho acesso fácil, sobre casos que, lamento profundamente, foram inevitáveis?
Apenas em consideração àqueles que sempre  me deram apoio, pela última vez, vou falar sobre um processo. Não vou procurar dados, nem me desgastar atrás de IPs, que não eram feitos por mim, e processos arquivados no STM, já que eles são desacreditados e ignorados sistematicamente pelos ex-militantes.
Vou transcrever o que lembro, 40 anos depois e que deve constar no 
processo de Luiz Eduardo Merlino.
Merlino era militante do Partido Operário Comunista (POC), trabalhava no Jornal da Tarde e militava clandestinamente. Esteve, por alguns meses, na França para fazer contatos com membros da IV Internacional, de orientação trotskista, e participou do 2º Congresso da Liga Comunista. 
Ao voltar, foi preso, e, depois de interrogatórios, foi transportado em um automóvel para o Rio Grande do Sul, a fim de ali proceder ao reconhecimento de alguns contatos que mantinha com militantes. Na Rodovia BR- 116, na altura da cidade de Jacupiranga,  a equipe de agentes que o transportava parou para um lanche ou um café. Aproveitando uma distração da equipe, Merlino, na tentativa de fuga, lançou-se na frente de um veículo que trafegava pela rodovia. Se bem me lembro, não foi possível a identificação do veículo que o atropelou. Faleceu no dia 19/07/1971, às 19h 30min, na Rodovia BR-116, vítima de atropelamento.
Como acontecia, em todos os casos em que um preso falecia, era aberto um Inquérito Policial no DOPS/SP, e o corpo era submetido a  autópsia no Instituto Médico Legal – IML – de São Paulo. Posteriormente, o inquérito era encaminhado à Justiça. 
Hoje, quarenta anos depois, se houve ou não tortura é impossível comprovar.
Assim, os acusadores tentam "provar" as supostas torturas, desacreditando as provas materiais, o inquérito policial e os laudos do IML, e, baseando-se unicamente no testemunho de ex-presos, todos antigos militantes e companheiros de ideologia da luta armada, no caso, da mesma organização POC.
Não foi o primeiro, nem o último que teve essa atitude trágica, pelos 
seus ideais de luta contra a lei e a ordem: "O depoimento de Etienne faz falta, principalmente levando-se em  consideração o seu currículo: linha de frente no sequestro do embaixador suíço Giovanni Bucher; presa e torturada, inventou um ponto em  Cascadura (RJ) e, para não entregar nomes jogou-se sob um ônibus". (Flávia Gusmão – Luta Armada é coisa de mulher" - Jornal do Commércio,  de Recife, 22/07/1998).
Ela se refere a Etienne Romeu, da direção nacional da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Felizmente não morreu. A ALN em um documento sobre comportamento na prisão diz textualmente: "O suicídio é uma mera antecipação de uma morte certa. Morrer é passividade, mas matar-se é ato". Segundo Taís Morais e Eumano Silva, em seu livro Operação Araguaia – Geração Editorial, página 95: "O partido preparava militantes para morrer na luta. Apanhados,  jamais deveriam colaborar com a repressão. Nada poderiam revelar que ajudasse na captura dos guerrilheiros, mesmo torturados. Muitos guardavam a última munição para cometer suicídio, em caso de prisão".
Tenho a consciência tranquila do dever cumprido. Fui designado para uma missão, como poderia ter sido para qualquer outra, e procurei cumpri-la
da melhor maneira possível. Arrisquei minha vida e a de minha família lutando por aquilo em que acreditava – a liberdade, a democracia. Sabia que aquele período de exceção era passageiro e que durou mais tempo do que deveria, exatamente por causa da luta armada. 
Lamento a morte de brasileiros, que, fanatizados por ideologias há tempos abandonadas pelo mundo civilizado, lançaram-se em uma violência que teve que ser reprimida com armas. É bom ressaltar que não lutamos contra estudantes desarmados. Lutamos contra pessoas dispostas a matar ou a doutrinar as massas para conseguirem mais adeptos para a luta armada. 
Lutamos contra pessoas como as que se orgulham de terem praticado atos como estes narrados nos vídeos abaixo: 
http://www.youtube.com/watch?v=rWZUhnGsavc&feature=player_embedded – Depoimento de Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz – Clemente – ALN.
http://youtu.be/ATte_AsJSL8 – Depoimento de " Clemente" no Fantastico sobre "justiçamentos" de companheiros. ALN6
http://youtu.be/aCLfMNVHqOY – A verdade sobre a morte do Coronel Alfeu está no livro A verdade sufocada 6ª edição - página 500 – MRT.
http://youtu.be/BppDahVwtpo – Depoimento de Ivan Seixas modificado depois de vários anos, afirmando que eu havia pessoalmente torturado e matado seu pai a pancadas – MRT.
http://www.sbt.com.br/amorerevolucao/depoimentos/?c=162 – Depoimento
de José W. Melo que presenciou o atentado ao Quartel do II Exército – VPR.
http://www.sbt.com.br/amorerevolucao/depoimentos/?c=201 – Depoimento de Jaime Dolce que perdeu o pai Cardênio Jaime Dolce – ALN.
http://www.sbt.com.br/amorerevolucao/depoimentos/?c=205 – Depoimento de Orlando Lovecchio, vítima de um atentado a bomba – ALN.
http://youtu.be/lXcP8bTAK04 – Depoimento de Franklin Martins e outros companheiros sobre o sequestro do embaixador americano – MR-8.
Observações
1) Fonte: A Verdade Sufocada:
(http://www.averdadesufocada.com/index.php?option=com_content&task=
view&id=5459&Itemid=98);
2) O autor, um dos brasileiros heróicos que combateram os terroristas que queriam implantar uma ditadura comunista no Brasil, é Coronel do Exército e
autor dos livros Rompendo o Silêncio e A Verdade Sufocada;
3) As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, o pensamento da Academia Brasileira de Defesa.


http://www.defesa.org.br/Essa%20luta%20n%C3%A3o%20%C3%A9%20minha%20-%20Carlos%20Alberto%20Brilhante%20Ustra%20-%2008-07-2011.pdf

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