sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Terroristas III

Polícia deve pedir prisão de 7 sem-terra

Flávio Freire e Maria Lima

Delegado quer evitar ameaça a testemunhas da depredação na fazenda da Cutrale, em SP




A polícia deverá pedir à Justiça nos próximos dias a prisão temporária de pelo menos sete integrantes do Movimento dos Sem Terra (MST) já identificados como invasores que deixaram um rastro de destruição na fazenda Santo Henrique, em Borebi, interior de São Paulo. A propriedade estava invadida por cerca de 300 famílias do MST desde o último dia 28 e foi desocupada anteontem por ordem judicial.

O delegado Jader Biazon disse ontem que o pedido de prisão pode ser feito para que não haja prejuízo às investigações.

— É para que possíveis testemunhas não sejam ameaçadas — disse Biazon, que abriu inquérito para apurar os crimes de invasão de propriedade, formação de bando ou quadrilha, furto e danos ao patrimônio.

Um eventual indiciamento, disse o delegado, só deve acontecer depois de feitas todas as diligências. Biazon, que nesta quarta-feira disse que os prejuízos chegariam a R$ 1 milhão, afirmou ontem que a contabilidade dependerá de um trabalho detalhado por parte da Cutrale, responsável pela área: — Além da destruição, teve muita coisa que foi levada.

Pelo menos 30 tratores foram danificados. Segundo funcionários da empresa, os sem-terra jogaram terra nos motores dos veículos. A polícia encontrou paredes e caminhões-tanques pichados com a sigla do movimento, armários arrombados e tubulação entupida.

No Congresso, nova tentativa de abrir CPI

A assessoria de imprensa do MST informou ontem que ninguém comentaria a depredação e que a denúncia de que os semterra seriam os responsáveis pela destruição é uma versão inventada pelos policiais e pelos funcionários da empresa. A Cutrale, que continua contabilizando os prejuízos, acha que um laudo pericial deve ficar pronto na próxima semana.

Em Brasília, líderes governistas acreditam que, depois da destruição na fazenda, será mais difícil uma ação do governo para barrar a instalação de uma CPI da Terra. Deputados que retiraram seus nomes da CPI do MST, semana passada, estão voltando a assinar o requerimento da nova proposta, que ontem tinha 34 nomes do Senado e 152 na Câmara. Para a instalação são necessárias 27 assinaturas no Senado e 171 na Câmara.

— Depois do que aconteceu na Cutrale, nosso esforço foi por água abaixo. Esse povo do MST não aprende nunca — desabafou um líder governista.

Apesar da pressão do governo, deputados da base voltaram a apoiar a proposta da CPI da Terra. É o caso de Nélson Marquezelli (PTB-SP). Na primeira proposta, ele foi um dos 45 que, a pedido dos governistas, retirou seu nome. Alegou que seria infidelidade não atender o governo, logo na semana que um companheiro de partido, José Múcio Monteiro, tinha sido nomeado ministro do TCU.

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