O passado e o presente caminhando lado a lado

Discurso de Ruy Barbosa, no Senado Federal, em 1914.

A falta de justiça, Srs. Senadores, é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, é a miséria suprema desta pobre nação.

A sua grande vergonha diante do estrangeiro, é aquilo que nos afasta os homens, os auxílios, os capitais.

A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade, promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas.

De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.

Essa foi a obra da República nos últimos anos. No outro regime (na Monarquia), o homem que tinha certa nódoa em sua vida era um homem perdido para todo o sempre, as carreiras políticas lhe estavam fechadas. Havia uma sentinela vigilante, de cuja severidade todos se temiam e que, acesa no alto, guardava a redondeza, como um farol que não se apaga, em proveito da honra, da justiça e da moralidade.

Abaixo segue um texto, econtrado na internet.

”De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto.”

(Ruy Barbosa, em discurso no Senado, 1914 e fundador da Liga da Defesa Nacional)

Essas palavras, proferidas por um gigante de nossa vida pública e um estadista reconhecido internacionalmente; se mostram com enorme atualidade e refletem, como nunca, o momento em que vivemos.

Assistir aos ataques dantescos praticados por figuras como Collor e Renan Calheiros ao senador Pedro Simon (PMDB – RS), foi algo como ser transportado para um universo paralelo onde o mau é bom; o sujo é limpo e o errado é o certo. Simon foi reduzido ao que a verdade, a honra e a retidão de caráter representam naquela enorme sala azul: um velho corpo depauperado.

A mudança de postura dos alados de Sarney é clara e visível: censura a jornais, imposta por juízes e desembargadores ligados diretamente a família Sarney; ataques implacáveis e em conjunto aos que ocuparem a tribuna para exigir a renúncia do velho coronel do Maranhão; o uso de profissionais de aluguel para desinformar e confundir na Internet através de comentários em blogs e sites que alertem para a importância do momento em que vivemos e principalmente para os crimes supostamente cometidos por Sarney e seus amigos.

A própria tibieza da oposição e o incrível silêncio do PSDB durante o fato lamentável, mostra que uma grande e volumosa pizza está em vias de ser servida. Logicamente, muitos pedaços serão distribuídos e muitas bocas se fartarão nos cofres públicos para que o “grande coronel” continue a empregar seus parentes e amigos impunemente.

É importante entender, e não me canso de repetir isso, que Sarney é apenas mais um de uma grande massa de corruptos e sanguessugas que infestam o Congresso Nacional. Mais do que esperar os trâmites da lei e seus incontáveis recursos e artimanhas criadas pelos próprios interessados em escapar das garras da justiça; nós podemos limpar o Congresso Nacional drasticamente já nas próximas eleições. Basta que para isso você vote com um pouco mais de cuidado e não reeleja os safados de sempre. Mude primeiramente você para depois, mudar o Brasil.



Brasil e seus donos

Assistir a essa defesa apaixonada de Sarney por personagens de passado tão nefasto em nossa política é vislumbrar no que estamos nos transformando. Uma república de bananas, onde a corrupção e a roubalheira chegou a um nível tal que nada mais pode ser feito. Ver pessoas com a reputação de que Pedro Simon goza em nossa política serem destruídas por parlamentares que representam o que há de pior na vida pública de nossa nação é algo desanimador.

Mais desanimador ainda é perceber como a sociedade passa por tudo isso apática e mansamente alienada, mostrando sinais de cansaço e de que espera “o novo escândalo da vez” que irá abafar esse caso e exibir novas caras na TV.

Enquanto isso, aguardamos inebriados a próxima Copa do Mundo que se aproxima, ansiosos para sermos roubados pelo espertalhão da vez.

Pense nisso.

http://www.visaopanoramica.com/2009/08/04/nulidades-desonra-rui-barbosa-e-o-triunfo-do-mal/