terça-feira, 1 de julho de 2014

A CAVALGADA, O DESFILE E A MICARETA.

       
Com o maior evento do Acre nas vésperas de acontecer, me divirto com os comentários da turma.
         No dia 27 de julho acontece a “cavalgada” da Expoacre (aquela que já foi uma Feira Agropecuária, hoje mais parece um amontoado de prezepada).
         Segundo o dicionário Aurélio, cavalgada é s.f. Reunião de pessoas a cavalo. / Corrida ou torneio assim realizado.
         A cada ano o que menos se encontra são cavalos neste evento. Em 2012 cheguei a ouvir o absurdo de que tinham muitos cavalos no meio das pessoas.
         Me divirto bastante quando esse povo que não sabe diferenciar um jumento de uma cabrita, fica se fantasiando de cowboy, mais engraçado ainda é quando alguém pergunta o preço de um cavalo ou de uma bota, as caras de espanto dos “abeias” é legal demais.
         Até concordo que uma bota, uma sela, um cavalo para os que “berola” que vão usar apenas uma vez por ano seja caro.
         Há poucos dias estive conversando com um amigo muladeiro da cidade de Sena Madureira, que me falou que esteve em uma das maiores cavalgadas do mundo, com a presença de mais de 6.500 animais, em sua maioria muares.
         Aproveitei a oportunidade e perguntei como era a questão do som, quantidade trios elétricos, carretas com som e etc., para minha confirmação e nenhuma surpresa a informação de que aquilo não existia lá, pois se tratava de uma cavalgada e não de uma MICARETA.
         Fiquei analisando aquela observação e pensando no que é feito aqui.
         A festa que abre a Expoacre (que já foi a festa da pecuária), já foi uma cavalgada, não chega a ser um desfile da produção rural (algo praticamente inexistente no nosso estado), é bem mais parecida com uma MICARETA (aquela festa que ocorre na Bahia no mesmo período do carnaval).
         Como dito, cavalgada é reunião de pessoas a cavalo. Para ser um desfile do produtor rural faltam charretes, carros de bois, carroças, tratores com produtores e sua produção, seja do pequeno, médio e grande produtor, da agricultura familiar.
         Para oficialmente se transformar em uma micareta, falta muito pouco, apenas pequenos detalhes, tipo o povo trocar a fantasia de cowboy por de axezeiro, o ritmo musical e por fim tirar os cavalos (realizando o sonho de muitas pessoas).
         Dói muito o coração de uma boiadeiro ver o que estão fazendo com a nossa feira agropecuária e com aquela que deveria ser a festa do peão e do patrão, dos apaixonados pela cultura caipira.
         Nunca deixarei de participar de uma verdadeira cavalgada, mas dessa micareta eu vou sair de fininho.

Leandrius Muniz

Acreano, Advogado, criador de cavalos, caipira com orgulho, locutor e juiz de prova de team penning e três tambores, presidente da primeira comissão de cavalgada da expoacre no ano de 2013.

Nenhum comentário:

Postar um comentário