sábado, 9 de novembro de 2013

INTOLERÂNCIA E TENDÊNCIAS

"Ninguém sendo perfeito, seguir-se-á que ninguém tem o direito de repreender o seu próximo? - Certamente que não, pois cada um de vós deve trabalhar para o progresso da coletividade, e sobretudo dos que estão sob a vossa tutela. Mas, por isso mesmo deveis fazê-lo com moderação, para colimar um fim útil, e não, como as mais das vezes, pelo prazer de denegrir... " (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo X. Bem-aventurados os Misericordiosos. Item 19.)
A - INTOLERÂNCIA

Intolerância é a qualidade do indivíduo intransigente. Para melhor identificar a intolerância nas nossas manifestações, relacionemos alguns traços característicos desse defeito. São eles:

a) Austeridade para com o comportamento ou para com as obrigações dos outros, nas situações familiares, profissionais ou sociais de um modo geral;

b) Severidade exagerada quando nas funções de mando, perdendo quase sempre o controle emocional e repreendendo violentamente algum subalterno que tenha cometido certo erro em suas obrigações de serviço;

c) Rigidez nas determinações ou nas posições tomadas em relação a alguma penalidade aplicada a alguém que tenha errado e sobre quem exerça autoridade;

d) Rispidez e maus-tratos para com aqueles com quem convive, agindo com dureza e radicalidade;

e) Não-aceitação e incompreensão das infrações que alguém possa cometer, condenando-as inapelavelmente com julgamentos agressivos e depreciativos;

f) Prazer em denegrir as pessoas, evidenciando, de preferência, seus defeitos.

O intolerante não perdoa, nem mesmo atenua as falhas humanas e, por isso, falta-lhe a moderação nas apreciações para com o próximo. Vê apenas o lado errado das pessoas, o que em nada estimula o bem proceder. A fácil irritação é também um aspecto predominante do tipo intolerante. O senso de análise e de crítica é nele muito forte. Na sua maneira de ver, quem erra tem que pagar pelo que fez. Não há considerações que possam aliviar uma falta.

Por que somos ainda tão intolerantes? Vemos o cisco no olho do nosso vizinho e não enxergamos a trave no nosso. Gostamos de comentar só o lado desagradável e desairoso das pessoas, e isso até nos dá prazer. Será que nessas críticas não estamos inconscientemente projetando nos outros o que mais ocultamos de nós mesmos? Não estaríamos assim salientando nas pessoas o que não temos coragem de encarar dentro de nós?

A intolerância doentia é um sintoma indicativo de que algo muito sério precisa ser corrigido dentro do nosso próprio ser. Por que exigimos perfeição dos que nos rodeiam e somos complacentes com nossos abusos? Sejamos primeiro rigorosos conosco e, então, compreensivos com os outros.

"Incontestavelmente, é o orgulho que leva o homem a dissimular os seus próprios defeitos, tanto morais quanto físicos".
 (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo X. Bem-aventurados os Misericordiosos. O argueiro e a trave no olho.)

Mostrando o mal nos outros, ressaltamos as supostas qualidades que acreditamos ter. É manifestação de orgulho, não nos enganemos. É proceder contrário à caridade "que Jesus se empenhou tanto em combater, como o maior obstáculo ao progresso". A censura que façamos a outrem deve antes ser dirigida a nós próprios procurando indagar se não a mereceríamos. Analisemos, identifiquemos e lutemos por extirpar a intolerância dos nossos hábitos.

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