No
domingo passado (26/07/2015), tivemos a mais novo e tradicional evento do Acre,
a micareta de abertura da Expoacre (aquela que já foi uma feira agropecuária,
hoje mais parece um amontoado de prezepada).
Segundo
o site Wikipédia, vejamos a definição de micareta: “é a denominação dada no
Brasil ao "carnaval fora de época", nada mais apropriado ao que se
realizou no ultimo final de semana.
Antigamente nos tínhamos a
tradicional cavalgada, que segundo o dicionário Aurélio: “é Reunião de pessoas
a cavalo. / Corrida ou torneio assim realizado”.
Durante a micareta de abertura, segundo um amigo que fez
a contagem, identificou 87 equídeos (equinos, asininos e muares) prestigiando o
evento do qual, outrora já foram a atração principal.
Este ano algumas inovações no intuito de aumentar o
controle da sanidade e bem estar dos animais foram implantados, pelo que soube
sem muito sucesso, pois as instituições deixaram a desejar no quesito conforto
aos equídeos, como por exemplo o não fornecimento de agua.
A intenção é boa, porem precisa ser discutida com quem
entende de “cavalo” e não de micareta ou arraial.
A cada ano o que menos se
encontra são cavalos neste evento. Em 2012 cheguei a ouvir o absurdo de que
tinham muitos cavalos no meio das pessoas.
Me divirto bastante quando
esse povo que não sabe diferenciar um jumento de uma cabrita, fica se
fantasiando de cowboy, mais engraçado ainda é quando alguém pergunta o preço de
um cavalo ou de uma bota, as caras de espanto dos “abeias” é legal demais.
Até concordo que uma bota,
uma sela, um cavalo para os que “berola” que vão usar apenas uma vez por ano
seja caro.
Há alguns dias me lembrei
de uma cavalgada que vi em Xinguara no estado do Pará, tinham em torno de 4.000
(quatro mil) animais abilhantando o evento, carretas quase nenhuma e trio
elétrico não vi nenhum.
Conversando com um amigo
que adora cavalgada, perguntei como tinha sido a de Iporá - GO, aproveitei a
oportunidade e perguntei como era a questão do som, quantidade trios elétricos,
carretas com som e etc., para minha confirmação e nenhuma surpresa a informação
de que aquilo não existia lá, pois se tratava de uma cavalgada e não de uma
MICARETA.
Fiquei analisando aquela
observação e pensando no que é feito aqui.
A festa que abre a Expoacre
(que já foi a festa da pecuária), já foi uma cavalgada, não chega a ser um
desfile da produção rural (algo praticamente inexistente no nosso estado), é
bem mais parecida com uma MICARETA no sentido literal da palavra, conforme
transcrito no inicio.
Como dito, cavalgada é
reunião de pessoas a cavalo. Para ser um desfile do produtor rural faltam
charretes, carros de bois, carroças, tratores com produtores e sua produção,
seja do pequeno, médio e grande produtor, da agricultura familiar.
Para oficialmente se
transformar em uma micareta, falta muito pouco, apenas pequenos detalhes, tipo
o povo trocar a fantasia de cowboy por de axezeiro, o ritmo musical e por fim
tirar os cavalos (realizando o sonho de muitas pessoas).
Dói muito o coração de um
boiadeiro ver o que estão fazendo com a nossa feira agropecuária e com aquela
que deveria ser a festa do peão e do patrão, dos apaixonados pela cultura
caipira.
Vejo as postagens nas redes
sociais, não vejo fotos de pessoas montadas, vejo todo mundo a pé “atrás do
trio”, isso fere de morte a alma de um caipira.
Nunca deixarei de
participar de uma verdadeira cavalgada, mas dessa micareta eu vou sair de
fininho.
Para ficar melhor ainda
juntaram o arraial cultural com a ex feira agropecuária, ou seja, a Expoacre
agora é OFICIALMENTE um Arraial.
Leandrius Muniz
Advogado, Acreano,
Equinoculto e Caipira com orgulho